O uso de boné nas áreas de manipulação dos serviços de alimentação é um tema que gera muitas interpretações, principalmente em relação à sua substituição às toucas. Neste artigo, abordaremos os possíveis impactos do uso de boné na segurança alimentar, bem como as regulamentações pertinentes e as melhores práticas para garantir ambientes seguros.
A legislação brasileira
No Brasil, para os serviços de alimentação, a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n° 216/2004 da ANVISA estabelece o Regulamento Técnico de Boas Práticas. Conforme essa norma, os manipuladores devem usar cabelos presos e protegidos por redes, toucas ou outro acessório apropriado para evitar a queda de cabelos sobre os alimentos manipulados.
Para os estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos, regidos pela Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n° 275/2002 também da ANVISA, não há menção específica sobre a utilização de toucas, redes ou bonés. No entanto, na lista de verificação das boas práticas de fabricação, é avaliado o asseio pessoal dos colaboradores, incluindo a proteção dos cabelos.
No estado de São Paulo, a CVS 5 de 2013 aprova o regulamento técnico sobre boas práticas para estabelecimentos comerciais de alimentos e para serviços de alimentação. O roteiro de inspeção informa que os cabelos dos manipuladores devem estar presos e totalmente protegidos.
Existe risco de Contaminação?
A utilização de boné pode representar um risco significativo de contaminação dos alimentos, principalmente quando não é utilizado de forma adequada. O boné pode abrigar microrganismos que contaminam os alimentos, especialmente se não for higienizado adequadamente ou utilizado por dias consecutivos, acumulando suor, poeira, cabelos e outros detritos que podem cair nos alimentos durante o processo de manipulação.
O boné, assim como a rede/touca, é considerado parte do uniforme e deve estar bem conservado e limpo, com troca diária e utilização somente nas dependências internas da empresa/empreendimento. Infelizmente, nem sempre isso é observado no dia a dia.
Conclusão
Embora as legislações brasileiras não abordem especificamente o uso ou a proibição de bonés nos serviços de alimentação, destacam a importância da proteção total dos cabelos. No entanto, essa proteção total não é alcançada somente com a utilização de bonés, especialmente considerando que eles cobrem apenas o topo da cabeça, deixando as laterais descobertas. Portanto, o uso de bonés, gorros ou itens similares deve ser acompanhado do uso de gorros/toucas que cubram toda a cabeça do manipulador. As toucas devem estar sempre abaixo da orelha para garantir a maior cobertura possível, e os bonés/gorros devem ser trocados e higienizados diariamente.
